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quinta-feira, julho 08, 2004


// posted by michael seufert @ 14:59

Publiquei este post aqui.

O Presidente Sampaio convocou o Conselho de Estado para amanhã às onze. A ver vamos o que daqui sai, e se vamos ter eleições antecipadas, ou o parlamento continua em funções e apresenta novo governo.

Vejamos.

Quando se ouve a esquerda (ainda anteontem no programa "Parlamento" da 2:), fica se com ideia que cada eleição põe (ou pode pôr) em causa a anterior. Se numas europeias o partido do governo sair derrotado, deve-se sufragar a vontade popular de novo. (Aliás, Sampaio diz que «quando se convença que a representação parlamentar deixou definitivamente de corresponder à vontade do eleitorado» o PR deverá fazê-lo)
Pensemos. Faz sentido? Faz sentido que um governo se sinta inibido de reformar se os seus projectos podem cair a cada eleição que há (e temos as regionais, as autárquicas, as europeias e ainda as presidenciais)? Porque se assim é, nenhum governo pode encetar reformas difíceis, impopulares. Com esta atitude são incentivados governos populistas, a governar para as sondagens e não para o interesse nacional. (Veja-se o caso alemão em que o SPD de Schröder levou um banho - porque balde era pouco - de água fria nas eleições para o PE e nas recentes para vários Parlamentos Regionais dos Länder, e ainda assim ele não desiste da "Agenda 2010". Não concordo com ele, mas devo dizer que tem coerência e coragem política!)
Facilmente se entende que um governo necessita da estabilidade política de uma legislatura completa, não podendo estar à mercê de outras eleições, com outros temas e preocupações (alguém me explica o que é que têm que ver as europeias com o governo? E qual é a "derrota da direita" numas eleições com 40% dos eleitores nas urnas? Ou a vitória do PS com 40% de 40% do eleitorado, que são 16%(!) dos porugueses???). Sampaio abre um precedente perigoso se se basear nas recentes eleições para demitir a AR.

Mas há mais. Há ainda a questão da demissão de Durão Barroso. "Cai o governo, cai o Parlamento". Como??

Então votamos em deputados, ou em primeiros-ministros? Bem, não digam nada, já sei que "as eleições são personalizadas" e que "o povo vota em caras e não em deputados". Sendo assim, nada melhor que o PR aproveitar a ocasião e explicar isso aos portugueses.

"Caros portugueses, decido não demitir a AR, porque apesar de novo governo, a estabilidade política não está em causa, e o PSD, conjuntamente com o CDS/PP, decidiu nomear novo governo. Isso é perfeitamente possível (aliás, desejável) segundo a Constituição, visto que votamos em partidos/deputados e não em primeiros-ministros. Tenham isso em mente nas próximas eleições.
Boa noite."


Se decidir convocar eleições, vai fortalecer a ideia que se vota em caras, o mal-entendido fica na cabeça das pessoas e o PR tolera e fomenta-o.



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