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quinta-feira, outubro 23, 2003


// posted by michael seufert @ 17:34

O meu protesto... 

Muito sucintamente fica aqui o post que fiz nos foros da minha faculdade (FEUP), devido a isto.
(Enviei uma co'pia 'a minha associaçao de estudantes.)


«O que se passou hoje na FEUP foi, se não uma vergonha, no mínimo ridículo.
Vejamos:
na terça-feira esteve convocada uma greve geral. A única forma que esta se fez sentir na FEUP, foram os três pedintes que tocavam guitarra e djambé - leia-se, faziam barulho - em frente ao bar dos alunos. Além de irritante, estorvavam as aulas que se passavam nos anfiteatros e ninguém se sentia na obrigação de intervir. Enfim...
Mas ao nível do que interessava, da adesão dos alunos, a greve não existiu. O anfiteatro B001 em que tive aulas de manhã estava cheio e a práctica da tarde decorreu com todos os alunos.
Apesar de se perceber que a greve teve uma adesão practicamente nula, a Associação - por quem tenho (tinha?) o maior respeito, não fossem muitos membros amigos meus - não resistiu a fazer o que sempre afirmaram que nunca fariam: encerraram a faculdade.
Faz sentido. Se a adesão à greve é insatisafatória para alguns, impõe-se a falta às aulas. Felizmente as consequências foram pouco graves: uma após outras as portas foram abertas, ficando apenas encerrado a principal, para as câmaras de televisão. (Sei de um amigo que rebentou uma corrente na porta da Dona Beatriz recorrendo a uma cadeira. Espírito de engenheiro a funcionar.)

Mas fica a ideia: não contente com o resultado da expressão livre dos estudantes (mas que representava a vontade destes), a AEFEUP decidiu impôr a sua vontade, fechando a faculdade, impedindo o livre acesso a ela.
E isto meus senhores, não se faz.

Por agora devem pensar que sou contra o protesto, a favor do aumento das propinas, que sou rico e não quero saber. Bom, passo a clarificar a minha posição.
Sou a favor do pagamento de propinas, como taxa moderadora de um serviço público que usufruímos. Acho que um aumento era possível, até para, numa altura de crise orçamental tirar pressão do OE. Mas acho que o aumento foi muito acentuado, e feito duma maneira muito pouco elegante. Depois das inscrições, sem garantia do ajuste das bolsas é feito um aumento tão significativo quanto 90%. Ora isso é demais e muito repentino, Por isso sou contra este aumento e penso que os estudante DEVEM protestar, e mostrar o descontentamento à direcção. Por isso, e o presidente da Associação facilmente confirmará, fui apresentar as minhas ideias de protesto, que apesar de terem recebido boas reacções, nunca passaram aos estudantes.

Não me vou alongar sobre elas, mas pareciam-me bastante mais originais e elegantes que as adoptadas, mas enfim. Não é isso que está em causa.

Recordo-me bem do que disse o presidente da AEFEUP: "Bem, temos que reunir ideias, juntar as pessoas e arranjar formas de protesto. Mas tudo menos fechar a faculdade." Eram 4 os presentes, todos concordaram.
Viu-se.

É muito triste uns pensarem ser donos da razão, e quereram-na impôr aos outros, sem deixar à escolha de cada um.

Sou contra a greve. Não acho que se possa defender melhores condições, protestar contra a falta de qualidade no ensino e dizer que uns terão que deixar de estudar por causa do aumento das propinas, e por outro lado propaguear a falta às aulas. Somos nós trabalhadores? Se os transportes fizerem greve, param o país; se nós faltamos às aulas, só nos prejudicamos a nós. Mas o que está em causa não é a greve. Façam-na se quiserem. Cada um é livre do que quiser, e não quero discutir isso. Agora, impôr a greve encerrando a faculdade, criando assim um clima de insatisfação na maioria dos alunos, dá uma imagem muito má da nossa associação. Sim, porque se a maioria dos alunos não fez greve na 3a-feira, deve ter ficado insatisfeita quando chegou às oito da manhã à FEUP e a encontrou fechada. Até às 09:30, segundo o Público.

Bem, termina aqui o meu testamento. Tenho pena que o boa imagem que a AEFEUP até agora montou, fique irremediavelmente turvado por esta atitude.

Ultrapassado este problema (espero sinceramente que não se repita), temos que tratar de demonstrar o nosso descontentamento de uma forma civilizada e original.

Fiquem bem!»



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