terça-feira, julho 15, 2003
Porque sou anti-sionista
Porque detesto injustiças.
A direita em geral apoia a política de Israel, e despreza os palestinianos. Apelida-os de terroristas.
Veja-se este post, que remete para este, que remete para este artigo.
Ao contrário do STATLER (marreta) e do LA (comprometido), dou razão a Margarida Santos Lopes. Apesar de me considerar uma pessoa de direita.
Sempre fui muito (demasiado?) crítico em relação a Israel. Irritava-me nunca ver na imprensa alemã (que desde sempre sigo, à parte da portuguesa) uma ponta de crítica aos governos de Tel-Avive. No entanto, na minha cabeça de míudo não me parecia justo que um estado fizesse as incursões que o estado isrealita fazia nas regiões autónomas, e saísse incólume da opinião pública (continuo a falar da Alemanha). Quem ousasse criticar era apelidado de (neo-)nazi ou outra coisa do género, e, o sempre muito poderoso lobby judeu na Alemanha, tratava de abafar críticas e críticos.
Ora, já mais crescido e virado para a imprensa internacional, vi críticas a Isarael florescerem, sobretudo em jornais de linha canhota. Por mim tudo bem, não tenho complexos de assumir algumas posições ditas "de esquerda".
Isto quanto à formação da minha opinião sobre o tema.
1ºPresuposto: Israel tem de agir perante as leis internacionais
O que a mim me parece desde já importante salientar, é que, queiramos ou não, Israel é um estado soberano. Se quer (e acho que deve) ser entendido como tal, deve actuar como tal. Por isso não pode fazer incursões pelos territórios palestinianos adentro, e matar quem quiser, sem julgamento, só por determinadas suspeitas (ou não, como se vem a saber, quando matam judeus "por acaso". Trágico.)
Pelo contrário os palestinianos não têm um estado soberano. Querem ter, e por isso devem agir como tal, simplesmente estão inertes pelo terrorismo. O que certas forças terroristas fazem (algumas nem sequer actuam a partir da Palestina, mas da Síria ou do Líbano), não deve ser tido como um reflexo da posição de uma autoridade palestiniana.
2ºPresuposto: Os Judeus foram "plantados" numa zona habitada previamente por um povo
Mais uma vez a pressão a certos lobbys levou a uma descolonização apressada e mal-feita (já parece Angola). Depois da 2ª guerra mundial, a ONU compadeceu-se dos judeus, e plantou-os na terra prometida. Ora, aqui começa a salsada. É que já lá viviam pessoas. Ouve-se dizer que viviam em condições de selvagens, e que nem tinham o país estruturado etc. Ora aqui reside um grande problema da colonização. É que o facto de os arábes viverem de forma diferente, tida como abaixo de qualquer civilização, não quer dizer que estavam a viver pior. Se queriam e estavam felizes, caramba, deixassem-nos estar!
Mas bem, era preciso arranjar um sítio para onde mandar os judeus (longe dos nossos olhares piedosos), e escolheu-se o lugar bíblico.
Seja. Mas devia se ter tido o cuidado de não passar por cima de quem lá vivia, e procurar um consenso.
3º Presuposto: Os Judeus não são um povo, por isso não têm direito a um estado
Mas que coisa é esta de se oferecer um estado a uma comunidade religiosa? Desde a criação do Utah para os mórmones (sim, os de fato, os "Elder") que não se via uma coisa assim.
Os judeus viviam dispersos pelo mundo fora (Rússia, Europa Central/Ocidental, EUA, e mesmo à beira do colégo alemão no Porto há uma sinagoga). Quando Hertzl criou o movimento sionista conseguiu criar o mito de que pretencia por direito um estado aos judeus, estado esse prometido por Deus no "Êxodo". É preciso ter lata!
Sendo assim, qualquer dia entravam aqui os irlandeses (descendentes dos celtas) a reclamar Portugal. Aos húngaros e finlandeses pretenceria Moscovo, e os Argentinos viam as Malvinas/Falkland restituídas. (Já para não falar dos atlantes que vinham reclamar os Açores, que trinta-e-um...)
Os estados nascem e morrem com a migração dos povos ou com guerras e demais derrames de sangue. Agora por deliberação do CS da ONU... francamente, se ainda os árabe tivessem expulso os pobre judeus... Foram os romanos há mais de 2000 anos! Caramba, Israel para a Itália já!!!
4º Presuposto (a caminho do post mais longo da minha história): Injustiças do passado não jusitificam injustiças no presente
Não seria, de facto, solução expusar o povo de Israel do sítio onde vivem (infelizmente) há tempo que chegue para que uma expulsão fosse injusta.
Trata-se pois (quem diria, eu sei) de encontrar um consenso. Limito-me a achar que a razão moral está do lado dos palestinianos.
5º Presuposto: Quem não tem exército luta com varapaus
Se Israel entra nos territórios palestinianos e os ocupa tranquilamente,
Se executa palestinianos se julgamento,
Se usa o poder de ser um estado-a-sério para oprimir um povo que tem o direito legítimo de estar onde está,
E se esse povo não é apoiado por nenhuma frente internacional que se veja,
E se pelo contrário os EUA, com a sua política-Wolfowitz, põem por agora de lado qualquer apoio desse tipo,
É natural que se oponham da maneira que podem.
Não têm exercito, não têm diplomacia nem lobbys que se vejam, que lhes resta? É certo, nada justifica o terrorismo. Mas não como em Espanha ou na Irlanda do Norte. É que Israel não joga pelas regras...
Último Presuposto: Um estado religioso não é democrático
Diz LA no comprometido espectador (post acima referido), que Israel é o único oásis de prosperidade e democracia na região.
Discordo firmemente.
Um estado religioso, por definição é anti-democrático.
Todo o estado deve ser laico (pode parecer contradição, mas não deixo de defender a inclusão da herança cristã na contituição europeia).
Dentro de um estado "Judaico" o que são não-judeus?? Marginais? E se um árabe se quiser candidatar a um cargo importante, que acontece?
Viu-se à pouco, quando foi afastado da candidatura, por ser anticonstitucional. Viva a Sharia-Judia!
Por fim, o Estado Palestiniano é uma promessa da ONU, tal como o de Israel. Tem fronteiras definidas por uma resolução de 1947/48.
Parece difícil, mas não é fácil!
E eu estou estafado, já não sei aonde queria chegar. Fica aqui no entanto a minha posição, e as conclusões são, brevemente, estas:
Israel foi injustamente criado na Palestina.
É legítima a aspiração dos palestinianos à desocupação dos territórios ocupados.
Mais, é legítima a criação de um estado palestiniano, tanto como possível nos moldes de 47/48.
Não é legítima uma expulsão dos judeus da zona.
Uma constituição religiosa é muito problemática.
The End, vou-me atirar da ponte
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